terça-feira, 17 de novembro de 2015

Tua pele

Tua pele de toque de frouxel
A cantar a nudez do sorriso
Atiça-me com o sabor do mel
Qual rouxinol, a cantar do paraíso.


Eu sei

Eu sei que estás aí
A respirar na escuridão
Eu sei, eu sei 
Como um relâmpago, selvagem
Nem bom, nem mau
Assim hei de descer até ti.
Tudo então será luz
E seremos um, no âmago 
E por toda a viagem afora.
Verás sem véu nem breu
E mais, do que não pensei
Jamais tal, se quebrará 
E mudo, o mundo se prostrará
Diante de tal grandeza
Um, eu sei, somos, agora.










sábado, 7 de novembro de 2015

Sometimes

Sometimes
Out of nowhere
A Dove acomes along
She brings Peace
And maybe Love
And she sings her song.

Will you take me with you
To your home in the sky?
Will you set me free
And stop me
Stop me... from being shy?




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Primeira Amiga

Para ti, dôce primeira amiga 
Mui te confio minha gratidão 
Possa tudo o que eu consiga 
Ser como um anel na tua mão. 


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Cinzento

Do azul quente e luminoso 
Escorreu o húmido cinzento.
Cansado e algo pesaroso 
Seu sinal arrastou para mim 
Como o devagar quer lento 
Como o final... quer fim. 


domingo, 1 de novembro de 2015

Até ao fim

Como o sol, no ocaso, distante...
Vejo-te assim...tão longe e perto de mim
Dourado, aveludado instante
Brilhando, até ao fim...


Afagos

Como afagos intangíveis e intocados
Sinto transparências, a pousar sobre mim
Abraços de lençóis afogados
Em ondas leves de cetim...




Anseio

Como te anseio, por entre teus cabelos
No brilho do olhar, no respiro da tua dôr
Que levo comigo em troca do prazer
Em cinzentos eu cheguei, e agora saio a côr.


Acordar

Acordar depois do sonho viajante
Deixou no travo estremunhado
Saudoso momento de sabôr
Que a tua sombra...fez adoçado.


Levo-te pela mão...

Levo-te, pela mão dos meus dedos, para dentro de mim até ao vale do sonho, onde as águas claras de verde esmeralda, murmuram de zéfiros mornos, que ao ouvido do buscador viajante, contam do amor entre a grande montanha e o sorriso enorme dos teus cabelos, livres finalmente, pelos ventos soltos das vozes eternas, que gritam ao mundo lá do cimo, onde os pés, mais não têm para subir, que no prado cimeiro, tu és...a flor mais bonita.


Vida de Verdade

Entre vales, e montes de xisto 
Abrigo meus pensamentos 
Umas vezes guardo alegrias 
Outras, solto os tormentos

Quase perfeita esta solidão 
Porque em redor tudo é belo 
Mas falta-me algo, tão somente 
Sentir o toque, do teu cabelo

Levo meu peso até chegar acima
Para alargar a vista até ao longe 
Imagino os teus passos a chegar 
Serão minha companhia de hoje

Queda-te comigo companhia 
Aqui, apenas mais um pouco 
Até chegar o fiel mensageiro 
Que me impede de ficar louco

Ele me dirá que há mais vida 
Para além da agridoce saudade 
Mas essa vida, eu não quero 
Pois não é vida, de verdade...

Ferrugem

O tempo, a superstição, a vida desprendida da razão
O medo, em segredo, do fantasma, é aberração
A ignorância, acabará por caír do prego tacanho
Libertada, solta-se a ferrugem... em pó de castanho.



Velha Parede


Hás de caír, velha parede
Um pedaço de cada vez
Até teu dono se esquecer
Do sacrifício de quem a fez.


Sulco Negro

Diga-me o velho sábio da montanha
Do cimo da sua vetusta sabedoria
Como poderá a comum criatura louca
Despir sua solidão apenas por um dia?

E se escrevo por amor à palavra
Ou se escrevo por amor a quem lê
Escrevo no branco como quem lavra
Um sulco negro nos olhos de quem vê.


Riso

Para quem escrevo, para quem?
Por quem sofro, por quem?
Quem me ouvirá, lá longe
E me desejará o bem?
Atiro-me ao teu pormenor
Ás vezes incompreendido
Solto a voz de cantor
Ou a voz de cupido
A rir comigo próprio
Ouço-me a rir lá do fundo
Até ao dia em que o riso
Será prazer moribundo...

Breve Momento

Um breve momento no oásis do teu aconchego
Compensa dias e dias de penas e cansaços
Já vivo em ti, viajando enquanto não chego 
Pára um pouco agora... e ouvirás meus passos.

Que hei de fazer?

Que hei de fazer, agora, que já fiz tudo o que tinha para fazer
E tanto ansiei, por nada ter para fazer...que estranho sou...
Agora, aqui no espaço aberto e vazio, pareço livre e perdido
Ruar sem pressa nem firmeza, quase pernóstico ou bandido?
Represento o guião desta peça, no livro da vida a acontecer
Uma página em branco porém não aceito; quero a tinta negra
E se mais nada poder imaginar, depois de tudo o que faço
Acabarei os dias apenas, a cobrir de poesia...o meu cansaço.

Vigia

Então? Caíu a sombra sorrateira, um passinho de vez em vez, e já no último assomo de pouca luz a restar, ficou a rendição, uma nova maneira de estar. Agora? Regalam-se os olhos da alma, a ver-te tão real, tão formosa. Arremesso para longe tudo o que não reluz, e fica apenas o vernáculo brilho dos teus olhos, razão do meu preito, a vigiar meu sono, não fosse querer ele, fugir... deste leito.


O Sonho

O Sonho que me corre pelas veias
Não é da côr do sangue vermelho
Mas corre nelas veloz e inspirado
Pelo infinito amor...a que me ajoelho.

Noite do Meu Dia

Na ausência do teu afago de luz 
Atravesso a noite do meu dia 
Arrastando a pesada saudade 
Teu rosto minha cruz alumia
Lamento-me da solidão minha 
Contento-me do teu pousar
Na pele transparente imagino 
O toque do sonho a realizar
E quando a porta se abrir 
Para o assombro ansiado 
Tremo no foco do teu olhar 
Com o fogo, em mim ateado.

Gente

Tanta a gente que passa
A ver-se a correr sem pé
Será que sente ainda a graça
Da gente que ainda é?

E de acordo com o plano
Acelerado e tão automático
De aplicação e de sucesso
Esquecerei o ser simpático?

Pois então que vida esta
A empurrar ao fundo abismo
De uma tal louca festa
De um tal materialismo?

Pára, apenas aqui um pouco
E recorda quem tu és afinal
A bela criança de espírito louco
Feita do belo amor essencial

Agora suja tuas mãos com terra
E no teu bolso leva-a sempre
Pois o esquecimento emperra
Lembrar o milagre de seu ventre.

Menino África

Debaixo do sol quente 
A terra negra África
Onde corre descalço
Embalado de pureza
O imenso sorriso branco
Do menino vestido de pó
Pó de sonhos e precalço
Onde nada é certeza
E onde pouco... é tanto.


Enfim descanso

Enfim descanso. Acalma-se o peito dentro do corpo, como um lobo refeito, agora manso. Fecha a vista, abre-se uma outra visão. Ascende a alma ao reino do céu, vizinho do mar da calma, onde para lá deste véu, o teu semblante vive livre nas asas da beleza. Doravante, eu não mais serei sozinho, tenho a certeza. Dôce conquista, a deste meu coração.


Chão

Folhas espalhadas no chão 
Nem mais cantam do outono 
Abandonaram os ramos nús
Que sozinhos e cinzentos são.
Agora que calam sua canção 
Assim preparam o seu sono
Lisas do castanho que lhes pûs
Desbotadas da côr da emoção.


Para lá destes passos

No branco reino do exterior gelado, apenas meus olhos se consolam. Arrefecem os sentidos outros, a lutar morrendo. Meu íntimo posso sentir agora, tão nítido como o frio a morder. Perdidos sentimentos me namoram, a lembrar que existe uma alma quente, para lá destes passos, sofrendo.



A Sorrir...

Do alto cimo sobre a copa de folhas ruivas
Encontro o feitio do mundo que há de vir
O sol tem o desenho da tua face a brilhar
Raiada de teus cabelos livres, a sorrir.


Homem Bala

Escorre a chuva fria da nuvem pesarosa 
Pela parede desta luz que ninguém cala
Acendo o pavio que há de me lançar a ti
Por cima deste muro, como homem bala.


Sombra de Mim

Aqui dentro, meu espírito
Lá fora, minha máscara de cetim
Aqui perto, o que por ti grito
Lá longe, a sombra de mim.




Amigo Superior

Diante de criação tão bela assim
Perdi o sentido de ser um maior
Rasgo a dôr que me separa de ti
E consolo minha crença por fim
Na existência do amigo superior
E no amor, de onde nunca parti.


Fadas de Luz

Por entre fadas de luz, e sombras de mistério 
Deito-me nos ramos negros da minha cruz
Erguida no branco tapete, deste frio cemitério 
De muitas cores encantado, das muitas flores que lhe pûs.


Asas

Estendo longe minhas asas para ti
Levando veloz tua centelha de Luz
Deponho-a a teus pés de onde parti
Para trás deixando, a abençoada cruz.


Tua Essência

Quero entrar no mistério dos teus olhos, cobertos desse mel dourado. Perder-me deste mundo, de medos enevoado, e no pomar da tua essência, encontrar o fruto maior, bem acima, lá no céu, pelo sol abençoado.


Sorumbático

Entre chão de terra e céu de mar 
Entalado e algo monocromático
De pé a resistir, ôco a secar
Até caír, de tanto sorumbático.


Sentidos

Quentes, sentidos
Dourados, encontros
Ventos, perdidos
Sussurros, assombros...


Visão

Sentado, avistando a visão 
Perco-me de mim em ocaso
Apago o corpo para a alma
Que aqui repousa sem prazo.


Sonhos da Floresta

Sonhos da floresta 
De lágrimas escorrida
Ou serão teus olhos
Concedendo a vida?


Maresia

O céu por baixo 
Ou o mar por cima
Minha fantasia
Sofrer até morrer
Por amor sou... 
Escravo da maresia.


Meu Portugal

Todo este meu Portugal, de nome Nação Valente, me enche o peito a gritar, tal como a chuva no monte nú, da giesta e do silêncio, vai caindo lavada e sem sal, no corpo, deste... que a sente.


Sendeiro da Vida

Lavro no silêncio a golpes de enxada os sulcos do meu rosto queimado, no fogo do frio e da solidão, de homem quase animal, do animal quase homem. Sigo meus passos a levarem-me no carreiro, no sendeiro da vida, ao curral maior, onde fiz minha morada, pedra sobre pedra, arrastando na força dos cascos, e da fibra arrancada da pobreza e das privações, até não sobrar mais nada do meu corpo esquecido, de pó de terra e sangue, salvo a memória do sol, rindo sobre o pasto verde, a dar sombra ao carvalho vetusto, regado na levada cantando, abraçado pelos montes do cimo e a ver o mundo em baixo tão pequeno, esse mundo rico e tão pobre, porque não tem o que eu tenho: o tão pouco, que não trocaria por nada que ele me desse. Que feliz sou por ter tanto sofrido, tamanha felicidade.


Olhos Meus

Assim como tu me concedes a luz
Eu retribuirei com os olhos meus 
Reinventando com o que lhes pûs
De amor ajoelhados, que farei teus




Água que chora

Como a àgua que chora, de alegria confessando, vai minh'alma em boa hora, neste arroubo tergiversando, por amar a cantar mais do que merece, a luz, que me vai guiando.


Tua Praia

Tão grande, o mar deste mundo azul...
Mas é na tua praia, que venho descansar.





Limiar

Algo impele o homem a testar seus limites, a sobrepôr-se ao desconforto e sofrimento, e para lá do limiar da dôr, entrar finalmente, no planalto da realidade interior, o lar desse vento ameno, zéfiro de vozes dôces, que nos dizem: "descansa agora, estás em casa".


Firmamento

Sob o céu estrelado, imerso no ar quente
Ensaio meu coração , incerto do que sente 
Que firmamento belo, nesta grandeza maior 
Como um poema aberto, que se canta de cor 
Só por ti seria perfeito, se brilhasses ao meu lado 
Na noite deste dia, em que sonho acordado.


Perecer

Ajoelho, mudo. Tão profundo o silêncio este, que consigo ouvi-lo com meus olhos, no mais recôndito do meu íntimo. Perante tal visão de maravilha, a visão se pacifica, ao mesmo tempo que o peito quer gritar ao mundo, que existe um local, onde se pode tocar a perfeição. Humilde e desprendido, grato e de corpo esvaziado, regresso com a alma cheia; cheia de céu, e do odor da terra, das flores e da lição, da água da vida, das àrvores e do granito, do vôo da águia e da pegada do lobo, da vida do pastor e da morte também. Como um salmão, que assim há de ser, terei sempre a maldição do retorno, de ter de subir à origem, onde sei, que eventualmente...terei de perecer.


Sonho Púrpura

Do escuro para a luz, prestes a nascer o dia
Aqui me rendo, vazio e de alma calada 
Teu sonho púrpura, a raiar feixes de alegria 
Preso sou na tua visão, amarrado, na alvorada.


Pétala

Neste sonho me sobrevieste 
De um íntimo, paraíso de cor
De teu semblante tirei uma pétala
Com a qual pintei, o nosso amor.


Emoção

Que palavras vâs são estas 
A querer deslindar a visão
Morrendo a cada letra uma
Inábeis, de ganhar à emoção.


Nas Asas dos Pés

Sinto-me como o vento 
Irrestrito em movimento 
Levado nas asas dos pés 
Procurando quem tu és.

Nu, sopra o pensamento 
Boca de luz ou momento 
A viajar vales e montes
Bebendo das tuas fontes.

Que mistério da criação 
Belo espelho ou canção 
A refletir a tua imagem 
No coração da minha viagem.




Culpa

Finda mais esta jornada 
Corpo meu sinto pesado 
Leve alma de culpa expiada 
A pairar sobre o dia cessado.


Tanto

Todas as forças conjugadas deste mundo
Não poderiam impedir o que sinto por ti
Nem almejar de ânsia, arrancar o meu fundo
Onde mora resoluto, o tanto, que hoje senti.


Real

Anjo, arte ou visão, encanto ou sedução 
Beleza centenial, livre pelo maior foral
Levo-te comigo, por baixo da minha mão
E castigo em sonhar-te, como se fosses real.


Luz

Porque foges ao girassol, luz poente? 
É para que viva a saudade? 
Aquém deste muro, no coração de quem a sente,
essa dôce dor, à deriva no mar da minha oração
no escuro, sem estrela nem farol, nem uma luz que fosse
persiste ainda...até te reencontrar.


Bafiento

Passa o tempo como a folha
Ao vento para longe, até secar
Bafiento, o verde que se encolha
Que minh'alma quer passar.



Vulto

Teu vulto, minha penumbra
Ronda-me por baixo da imaginação
Como o oculto, que me deslumbra
Por cima deste só...que sensação!


Oferenda

Novo dia nos trazes nesta senda
Outono que pressentes o inverno
Entregas-nos a doirada oferenda
Uma sobra ainda, das côres do inferno.